Para abrir nossos caminhos e desvelar novas formas de pensamentos. A cada texto vou trazer uma contribuição ou conceito filosófico/social e indicar uma obra, preferencialmente negra, para vocês.
Ainda na adolescência, descobri a etimologia da palavra filosofia que quer dizer: philo “amizade, amor fraterno” e “sophia “sabedoria”. Ou seja, amor ou amizade pela sabedoria.
A partir disso, entendo que todo processo de busca por conhecimento, seja concreto ou subjetivo, é um processo filosófico e que todos nós, sim, isso mesmo, todos nós podemos participar e construir.
Com base nesse amor pelo saber, compreendo que toda ciência é válida. Seja do domínio da minha avó pelas ervas medicinais ou dos povos tradicionais ao reverenciar um rio ou de uma yabá quando conta a história/mito de um orixá.
Nesse caminho de construção do saber, trago hoje o termo usado pelo saudoso Abdias do Nascimento - Quilombismo. Ele nos traz o quilombo como forma de sobrevivência e resistência tanto física quanto cultural, diante de um sistema que retira toda humanidade de pessoas negras. O quilombo tem a função social de sustentar a comunidade de pessoas pretas e manter a África viva em nós.
O conceito de aquilombamento sob meu ponto de vista, está ligada a pertencer; incluir-se em espaços de narrativas negras. Não só como espaço de luta, mas também, de resignificação, de construção, de acolhimento, afeto e pertencimento.
Aquilombar é se reconhecer no outro, entender a importância da relação com os meus pares, e me sentir pertencente a um espaço. Esse espaço pode ser concreto e contínuo ou subjetivo e não linear.
Nós aquilombar é resistência!
Encontrar com os nossos pares em ambientes que evoquem nossa dignidade nos fortalece apenas nas trocas de olhares e reconhecimento da dignidade do outro. O que sustenta um quilombo é a compreensão da coletividade, a partilha do afeto, do saber e pluralidades de seus componentes.
Para expressar essa coletividade existente nos quilombos urbanos, trago como dica a série “Insecure” que está em sua 5° temporada pela HBO. Com um elenco quase todo de pessoas pretas. Além de escrita, dirigida e protagonizada por uma mulher negra, a maravilhosa Issa Rae. Insecure nos mostra as vivências, complexidades de seus personagens e explora questões sociais e raciais contemporâneas.
Sou tieti da Issa e para mim, Insecure é uma das melhores séries de comédia dramática da TV. Com nove indicações ao Emmy e o poder de nos fazer mergulhar em cada episódio. Com toda certeza ela merece ser maratonada.
Dedico esse texto as minhas irmãs do Desvelando Oris onde me aquilombo, sou acolhida e amada.
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