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Sororidade ou Seletividade?

Regiane Aparecida Gonçalves Queiroz

Resumo:

Este artigo tem como objetivo a reflexão sobre sororidade e seletividade.

Um breve estudo sobre as formas de exclusão e abrangência aplicáveis no conceito de irmandade seletiva onde nem todas as mulheres são contempladas.


Palavras-chaves: Sororidade-Empatia-Seletividade



1- Introdução


A sororidade tem como conceito a irmandade, a empatia e o companheirismo sem distinções entre mulheres.

Porém, a sociedade brasileira baseada no patriarcado e no machismo impõe para as mulheres a competitividade entre si.

Desde a tenra infância algumas de nós somos vistas como as princesinhas, onde a beleza é o foco principal e não o conteúdo, fazendo com que a aparência seja fundamental e uma menina seja vista como inimiga imaginária da outra devido a questões físicas.

Não se ensina uma menina a ser solidária ou a ter empatia por outra e isso deve mudar.


Não existe limite para o que nós, como mulheres, podemos realizar. (Michelle Obama, advogada, escritora norte- americana, esposa do 44º Presidente dos Estados Unidos e a 1ª afrodescendente a ocupar o posto de Primeira Dama neste país)

Essa nova geração de mulheres está aprendendo o que é sororidade, ou melhor estão colocando em prática e descontruindo a rivalidade imposto pelo patriarcado através do estereótipo físico da beleza eterna.

Mulheres em rivalidade ficam mais fáceis de serem manipuladas e são tudo que a nossa sociedade quer para perpetuar as falácias de que não existe amizade entre nós, que somos inimigas, que sentimos inveja umas das outras e que precisamos rebaixar a coleguinha para nos sentirmos melhor.

Ver uma outra mulher como irmã e não como rival foi algo instituído nos anos 70 pelas percursoras do movimento feminista.

Algo a ser aprimorado na sororidade diz respeito a abrangência de todas as mulheres sem exceção.

Fica muita fácil ter sororidade pelas suas iguais que possuem os mesmos pensamentos, o mesmo estereótipo físico, a mesma classe social e desejos de vida.

O grande questionamento é o que fazemos com as que pensam diferente, são de outra realidade social e econômica?

Essa abrangência que é o grande desafio, haja vista que existem mulheres que são seletivas na questão da sororidade onde nem todas são vistas como merecedoras da irmandade.



2- Sororidade x Seletividade


Para termos uma efetiva soridade entre as mulheres devemos evitar a seletividade, ou seja, devemos abranger todas as mulheres sem exceção.

Se ficarmos focados nas mulheres que são fisicamente parecidas conosco, com os mesmos ideais de vida, grau de formação acadêmica, profissão, poder aquisitivo, classe social e gênero estaremos diante de uma sororidade seletiva e não efetiva.

Devemos pensar fora da caixinha, visionar uma sororidade abrangente e não de exclusão.

Eu levantei a minha voz — não para que pudesse gritar, mas para que aquelas sem voz pudessem ser ouvidas. Nós não podemos ser bem-sucedidos quando metade de nós é contida. (Malala Yousafzai, ativista paquistanesa e pessoa mais nova a ser laureada com um Prêmio Nobel da Paz)

Temos que incluir à todas e nos questionarmos como abranger as mulheres deficientes,as idosas,as obesas, as negras, as LGBTQIA+, as encarceradas,as egressas do sistema prisional, as em situação de rua e as que sofrem violência doméstica.

O grande segredo da sororidade é respeitar a diversidade de nossas irmãs, exaltando suas qualidades sem apontar ou questionar as diferenças de raça, credo, orientação sexual, classe social, profissão, vestimenta, opinião, idade, local onde reside e modo de vida.

Todas as mulheres indistintamente deve ser abrangida pela sororidade, seja ela cisgênero ou transgênero, tenha ela um útero ou não, seja ela mãe de humanos, mãe de pets, não tenha filhos por questões de escolha ou de problemas de infertilidade.

Uma mulher idosa também faz jus a essa abrangência,o fator idade muitas vezes é utilizado como seleção de quem merece empatia e companheirismo.

A mulher encarcerada e a egressa do sistema também merecem nossa empatia sem serem subjulgadas ou questionadas sobre sua vida pregressa.

Não somos juizas para julgá-las ou muito menos devemos apontar o dedo sobre o que as levaram a cometerem qualquer delito.

Devemos fomentar rede de apoio para as mais vulneráveis,ter empatia e respeitar a sua condição de mulher independente das diferenças.



CONCLUSÃO


A sororidade visa o companheirismo entre as mulheres e não o julgamento, sem a comparação entre a vida de uma com a da outra já que partimos de realidades diferentes.

Muito menos fazermos comparações físicas umas com as outras, haja vista que somos únicas, diversas e o ser mulher é o ponto que nos une.

Respeitando a essência e a história de vida de cada uma, praticando a empatia, o olhar acolhedor e complacente.

Buscar o equilíbrio entre dar oportunidade a quem não teve e enfatizar o talento para liderança em áreas antes não ocupadas por mulheres, nos unirmos para fortalecermos e mudarmos o mundo extinguindo o machismo patriarcal.

Devemos nos apoiar e nos valorizarmos para ocuparmos os espaços de poder, a sororidade é um exercício diário.

Existe espaço para todas, não tenha medo de trocar informações, incentivar o trabalho,elogiar uma mulher pela sua competência e não pela sua aparência.

Lembrando que a verdadeira sororidade não tem espaço para seletividade e sim para o companheirismo.



Regiane Aparecida Gonçalves Queiroz

Advogada em São Paulo e Coordenadora Adjunta do Departamento de Estudos e Projetos Legislativos do Instituto de Ciências Criminais-IBCCRIM.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS


SOUZA, B. Vamos juntas? O guia da sororidade para todas. 1a Ed. Rio de Janeiro: Galera Record, 2016. 144 p.


OBAMA,Michelle.LANDSBER,Débora,BOTTMANN,Denise, MARQUES, Renato. Minha História.1ª Ed: Objetiva,2018.


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